sábado, 12 de julho de 2008

Desminagem, a estaca de duas cores

“Removidas mais de duas mil minas na província do Kwanza-Sul”
(Jornal de Angola, ano de 2008)
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Explicação: Quando uma possível área com implantação de mina antipessoal é encontrada pela equipe de desminagem (os chineses estão nessa também junto com a tecnologia russa) afixa-se uma estaca de madeira com a ponta pintada de branco. Pode ser próximo a uma ponte derrubada, um estabelecimento governamental bombardeado ou restos de artilharia de guerra. Nos cerca de 200 km entre Saurimo e os municípios de Kakolo e Muconda, na Lunda Sul observa-se que, além das estacas brancas existem outras com uma faixa adicional vermelha, indicando que a área está livre de minas. Mesmo as estacas brancas não impedem que as crianças continuem brincando nos destroços de tanques de guerra, as lavadeiras coando a roupa no leito dos rios ou os homens cuidando da lavra de mandioca ou ateando fogo na mata para produzir carvão.

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Uma outra explicação: Sim, muito mais de 2000 km de estradas já foram desminados, principalmente nas províncias diamantíferas do norte do país. As vítimas das bombas, com suas bicicletas adaptadas para cadeiras de rodas, os membros amputados e carcomidos pelos mosquitos e os olhos deturpados pelo tracoma ou pelos estilhaços de mina antipessoal estão lá dentro do prédio do MINARS – Ministério da Assistência e Reinserção Nacional – tecendo cestos de pães, porta-jornais e leques com o capim recolhido nas estradas (des)minadas. (Não, meu senhor, eu procuro máscaras tchowké, obrigado.) Os “deficientes vão votar sem constrangimentos”. As histórias são muito outras ainda, como a do hospital em Muconda que . . . (continua)