segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Ilha do Mussulo

(Esta semana vi outras duas Luandas. Vou pela do Atlântico sentido Ilha do Mussulo, porque andaram comentando que tenho carregado nas tintas. A de hoje foi apresentada por por uma angolana.)


03.fev.2008 – dia doze

Hoje fui à Ilha do Mussulo, convite feito por uma angolana do Lobito e que reside em Luanda há mais de dez anos. Eu a conheci na sala de embarque do Galeão, ajudei na montagem de uma lanterna que tinha comprado no duty free. Disse que a lanterna seria muito útil quando chegasse em Luanda pois poderia haver falta de luz (e houve mesmo, contou-me depois e conforme tenho vivenciado).

A Filomena é economista, trabalha para uma multinacional americana e tem filhos que estudam no Brasil. A sua empresa tem uma área recreacional para que os funcionários possam utilizá-la aos finais de semana. Fica na Ilha do Mussulo, na margem da Baía de Luanda.

Pegamos na Baía um barco fedendo à diesel queimado e nauseante, com salva-vidas ordinários e rumamos pelos próximos vinte minutos sentido Ilha. Margeando a Ilha vêem-se casas de veraneio e bangalôs de todos os estilos e pés-direitos, cores, telhados de palha, de barro, bangalôs novamente, coqueiros, mais algumas casas perdidas, vegetação de manguezal. Muito diferente dos musseques dos dias anteriores.

Chegamos ao destino: é um quiosque com espreguiçadeiras, guarda-sóis, americanos e suas famílias e seus barbecues de hambúrgueres e salsichas e toda a confusão de castelos de areia, pranchas, bóias. É uma praia de águas calmas e cristalinas e de conchas brancas. E de areia fina e amarelada, com cascalho negro.

A região ainda não sofre com a especulação imobiliária, mas nem por isso a ocupação deixa de ser menos agressiva. Um terreno de cem metros quadrados pode custar cinquenta mil dólares. A casa de madeira que a Filomena quer construir no seu terreno deverá vir de navio do Brasil dentro de um contâiner e que ainda corre o risco de apodrecer no cais esperando por trâmites alfandegários.

A tarde seguiu tranquila, pouca movimentação, uma ou outra daquelas mulheres com as cabeças coloridas vendendo seus panos. Certas gaivotas rodopiando pelo céu. Certos garotos surrupiando (rimas são tolas às vezes) todos os crustáceos para povoar o seu aquário (“May I see your shells, please?”).

Hora de retirada. Antes o pescador com seus quinze pargos e que a Filomena comprou por mil kwanzas. (Ouvi dizer que os angolanos têm o hábito de fazer este tipo de compra fora de casa, seja carne ou vegetais.). Novamente o barco nauseante. Agora com o sol caindo avista-se o contorno mais embaçado de Luanda Sul. Chego em casa. Desmonto a mala, banho, jantar, telefonemas (choros e tercinhos fique com Deus meu filho nós também te amamos, volte logo).

Amanhã tem praia do Sangano.

Eu estou bem, obrigado.





2 comentários:

Anônimo disse...

Olá João!
Então... Luanda parece ter um pouco de tudo, né? Grande contraste nas fotos que vc postou e na loja Hugo Boss. Li que o Parque Nacional de Iona em Luanda parece ser interessante. Tem um site dos mochileiros.com que tem uma página de Angola que pode ser interessante. Aventura por aventura... truco! Quem sabe tem dicas boas.
E o Carnaval vai terminando no Sudeste, porque lá em cima vai até julho! Aqui ganhou a Vai Vai, amanhã saberemos a do Rio. Em Salvador a TV mostra duas festas: Globo e Band falam dos Trios Elétricos e dos famosos... já a Record e a Rede TV mostram os foliões se pegando a tapa, furtando, roubando e descendo a mão nos turistas... haja ponto de vista!
Abraço grande!
Gustavo.

Anônimo disse...

Oi meu amigo ... que saudades enorme de voce e de nossos papos (as vezes monólogos!!!) ..só descobri seu bloGUE hoje ..amei ..interessante ...incríceel e caramba ..como vc escreve bunito minino !!!!
Amei as fotos ...sempre é bom ter imagens .... mande sempre ..vou acessar sempre !!!
Beijos e mais beijos ....
Fer Benatti